Você consultou com um médico, fez exames e foi informado que o melhor tratamento para o seu caso é uma cirurgia. Para algumas pessoas isto pode ser tranquilo, enquanto que para outras pode causar muitas incertezas. Um fator a mais de preocupação é decidir com qual profissional você deverá ser operado e em qual hospital ele trabalha. Mesmo cirurgias consideradas "simples" como de vesícula biliar ou hérnia podem apresentar, às vezes, complicações sérias. Então você deve querer estar nas melhores mãos possíveis. 

A colega de trabalho indica um, sua mãe indica outro, e o clínico que te acompanha sugere um terceiro... E agora?

Procure se informar sobre os profissionais indicados. Invista algum tempo, converse com conhecidos, pesquise na Internet, isto pode evitar muitos problemas. Segue uma lista mínima de ítens a serem checados.

Confirme que o cirurgião tenha treinamento na área

Residência Médica é o principal sistema de treinamento nas especialidades cirúrgicas. Costumam durar de 3 a 5 anos após a graduação em Medicina. As mais conceituadas costumam estar associadas aos hospitais universitários de boas faculdades médicas.

Ao terminar a Residência Médica em programa credenciado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) o médico recebe o Título de Especialista naquela área específica (por exemplo, Cirurgia Geral, Cirurgia do Aparelho Digestivo, etc.). Outra forma de adquirir o Título pode ser a realização de um Concurso, patrocinado pela Sociedade Médica da área, que é reconhecida como emissora junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM). Este órgão será ainda o responsável pelo Registro deste Título, conhecido como RQE (Registro de Qualificação do Especialista).

Na carreira médica a formação nunca termina e a atualização deve ser contínua. Veja se seu cirurgião participa ativamente de congressos, se é membro das Sociedades Médicas, se está envolvido com a formação de novas gerações de médicos residentes.

A maior parte das cirurgias de patologias do aparelho digestivo podem ser realizadas por vídeo-laparoscopia. Esta via apresenta diversas vantagens em relação ao acesso aberto (habitualmente com incisão=corte maior): menos dor, menos infecção, menos medicamentos, menor tempo de internação, retorno precoce às atividades. E o importante: realizando os mesmos atos necessários ao caso. Entenda que a cirurgia não é "mais simples" porque é feita por "furinhos". Para seu sucesso costuma necessitar de um bocado de tecnologia e treinamento!!  Porém tenha em mente que nem todas as cirurgias ou pacientes são bons candidatos ao acesso laparoscópico. Muitos tipos de câncer abdominal terão indicação mais adequada por via aberta para um adequado controle oncológico.

Além de um treinamento adequado, é importante saber se o cirurgião realiza regularmente esta cirurgia e há quanto tempo. A prática regular e o tempo de experiência levam ao aperfeiçoamento, fato comprovado por diversos trabalhos científicos que mostram melhores resultados e menos complicações a partir de um determinado número de casos (chamada curva de aprendizado).

Todo e qualquer procedimento cirúrgico apresenta um risco, mesmo que mínimo. Gosto de comparar com um corte de cabelo: pode acontecer de cortar uma orelha, furar o olho, deixar assimétrico... é claro que são acontecimentos improváveis, mas não impossíveis. Se o cirurgião disser que não existem riscos, acenda uma luz vermelha....

Em diversas ocasiões a cirurgia é um momento dentro de uma sequência de atendimentos (como na cirurgia de obesidade ou de câncer). Você deve se sentir à vontade, com confiança e segurança com o seu cirurgião. Se não houver conexão, muitas vezes o paciente acaba abandonando ou negligenciando o seu tratamento.